Energia mais renovável, descentralizada, flexível, de mais qualidade
Fonte: Público – Autores: João Luiz Afonso e Vitor Monteiro
A utilização em larga escala dos diversos recursos energéticos pelo ser humano tem sido um fator fundamental para o grande desenvolvimento alcançado nos últimos séculos, com aplicação aos transportes, indústrias, serviços, residências, principalmente.
Atualmente, as principais fontes utilizadas na produção de energia são os combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão), que contribuem com mais de 80% do total da energia a nível global, e que apresentam os problemas bem conhecidos de poluição ambiental do ar, dos solos e dos mares, nos seus processos de extração, transporte e utilização, para além de serem os principais contribuintes para o aumento dos gases de efeito de estufa na atmosfera.
Em Portugal os combustíveis fosseis também correspondem às principais fontes utilizadas para a produção de energia, e uma vez que o nosso país não produz petróleo, gás natural ou carvão, isto vem agravar consideravelmente o défice da nossa balança comercial.
Atualmente, os sistemas elétricos ainda mantêm a estrutura funcional adotada desde o final do século XIX, em que a energia elétrica é produzida em locais distantes, por grandes centrais termoelétricas ou hidroelétricas, sendo transportada e distribuída por redes elétricas até aos consumidores. Contudo, devido ao custo elevado destas redes, em muitos casos não é viável fornecer energia onde é necessária, o que contribui para que a nível mundial ainda existam cerca de mil milhões de pessoas sem acesso a energia elétrica.
Face a este panorama, e tendo em consideração que as tecnologias no domínio da engenharia eletrotécnica têm evoluído muito nos últimos anos, em particular na área da eletrônica de potência, o setor energético está perante uma mudança profunda de paradigma, impulsionado pelo conceito das redes elétricas inteligentes (smart grids), visando infra-estruturas eficientes e com elevada qualidade de operação, que sejam flexíveis e sustentáveis, integrando a produção descentralizada de energia por fontes renováveis.
A integração de energias renováveis ao nível de macro (grandes centrais hidroelétricas, parques eólicos ou solares) e micro-geração, representa, por si só, uma contribuição significativa para a sustentabilidade do setor energético e para a disseminação das smart grids, sendo também crucial para que populações em locais remotos e carenciados tenham acesso à energia elétrica.